quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Quatro razões para o índice H permanecer

por Rachel Zawada
(tradução livre nossa)

Desde que o índice H foi introduzido na comunidade científica por Jorge Hirsch em 2005, muitos céticos têm protestado raivosamente. Podemos dizer que isso não é de se admirar, pois dizer a um pesquisador que será usado um índice para quantificar a sua produtividade e o seu impacto baseando-se em seus artigos mais citados é como dizer aos pais que o valor do seu bebê será avaliado. Provavelmente você já ouviu todos os argumentos contra o índice H, mas vamos recapitular alguns:

·   Ele concede a todos os co-autores de um paper o mesmo valor – do autor principal até o último autor da lista que contribuiu com o artigo.
·   Ele proporciona uma discriminação etária inversa – quanto mais velho o autor é, mais alto provavelmente será seu índice H.
·  Usá-lo para ranquear autores dentro das disciplinas é tão útil quanto comparar maçãs e laranjas.

A lista de críticas é grande, mas não vamos deixar de mencionar que até o modo como ele é calculado é tão simples que parece algo feito por uma criança. Apesar de todas as críticas e zombarias, me pergunto quem realmente rirá por último, pois, se o índice H é tão falho, então porque ele ainda é assunto há quase dez anos? Eu tive que vasculhar inúmeros artigos negativos e posts raivosos em blogs, mas finalmente encontrei algumas revelações surpreendentes sobre como a comunidade científica está abraçando-o de quatro grandes formas:

1. Medindo a performance da pesquisa. É conhecimento comum que usar o índice H para comparar resultados de pesquisas através de disciplinas diferentes não é justo para campos mais especializados. Entretanto, alguns sistemas de ranqueamento de universidades estão começando a incorporar o índice H dentro de sua metodologia no nível de assunto. O mais notável destes é o QS World University Rankings by Subject, o qual começou a usá-lo em 2013. Outros rankings universitários mundiais que agora utilizam o índice H incluem the University Rankings by Academic Performance, the National Taiwan University Ranking, and the Center for World University Rankings.

2. Fundos de Concessão/Financiamento. Estudos publicados em uma variedade de publicações multidisciplinares peer-reviewed tem relatado que um índice H mais alto está correlacionado com obtenção de financiamento. A World Neurosurgery até mesmo relata que o índice H é o único preditivo bibliométrico para receber financiamento do National Institute of Health, proeminente concessor de financiamentos dos Estados Unidos. Artigos levantados sobre o tema: From Ophthalmology (Svider PF et al. The association between scholarly impact and National Institutes of Health funding in ophthalmology. Ophthalmology. 2014; 121(1): 423-428.) to Academic Radiology (Rezek I et al. Is the h-index predictive of greater NIH funding success among academic radiologists? Acad Radiol. 2011; 18(11): 1337-1340.) to Acta Anaesthesiologica Scandinavica (Pagel PS, Hudetz JA. H-index is a sensitive indicator of academic activity in highly productive anaesthesiologists: results of a bibliometric analysis. Acta Anaesthesiol Scand. 2011; 55(9):1085-9.).

3. Decisões de promoção. O próprio Hirsch sugeriu que os valores do índice H poderiam promover o avanço na carreira de professores nas principais universidades de pesquisa. Embora esta métrica não seja a última palavra em critérios de promoção, ela parece carregar algum peso em avaliações formais. A School of Medicine at the University of Maryland e a Ohio State University são dois exemplos de instituições que colocaram referências ao índice H em suas diretrizes para o processo de promoção na carreira.

4. Auto-promoção. Membros do corpo docente das maiores universidades de cada continente expõem seu ranking no índice H junto com outros prêmios e qualificações em suas biografias online, perfis no Linkedin, etc. Esses autores estariam realmente mudando de opinião sobre o índice H? Talvez seja um exagero, mas eles parecem estar admitindo (meio à contragosto) que ele tem se tornado um índice bibliométrico amplamente reconhecido e influente na comunidade científica. Amando-o ou odiando-o – parece que índice H está aqui para ficar.

Texto original: 

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